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Bacia do Rio Columbia - Implicações Cronológicas

 

 

Setembro-Dezembro de 2002 Nº 3
Uma publicação do Geoscience Research Institute (Instituto de Pesquisas em Geociências)
Estuda a Terra e a Vida: Sua origem, suas mudanças, sua preservação

A BACIA DO RIO COLÚMBIA: IMPLICAÇÕES CRONOLÓGICAS
NO CONTATO MIOCENO/PLIOCENO


Harold G. Coffin

 


O Dr. Harold Coffin fez seu Mestrado em Biologia no Walla Walla College, estado de Washington, e seu
Doutorado em Zoologia na Southern California University. Foi professor e chefe do Departamento de Ciências no
“Canadian Union College” e no “Walla Walla College”. Escreveu numerosos artigos sobre ciência e é autor de seis
livros, sendo que os dois mais conhecidos são: Os Dinossauros (publicado em português pela Casa Publicadora
Brasileira) e Origin by Design. É membro da “American Association for the Advancement of Science” e da “American
Geological Society”. É decano de Pesquisa Científica no “Geoscience Research Institute” em Loma Linda, Califórnia.
Nota preliminar da Redação:
Mesmo sabendo que nem todos os leitores entenderão todo o conteúdo científico
deste artigo, a Comissão Editorial considerou que seria proveitoso publicá-lo, pelas
seguintes razões:


1. A metodologia de pesquisa usada pode servir de paradigma para todos os estudiosos
que pesquisam nas diversas áreas das Ciências da Terra.


2. Muitas vezes, em Geologia, Paleontologia e outras ciências afins, os “hiatos
cronológicos” entre camadas ou estratos, aceitos pela ciência clássica, dificultam e
confundem o investigador. Em tais casos, um estudo similar ao que o Dr. Coffin
realizou pode ser útil para modificar a maneira de interpretar as evidências e tirar
conclusões.


3. Esta pesquisa, e a notável história da teoria de Bretz, deve alertar a todo pesquisador,
seja evolucionista ou criacionista, que terá que lutar sempre contra o perigo dos
preconceitos arraigados em suas crenças.

 

INTRODUÇÃO
Acredita-se que tenham transcorrido aproximadamente 14 milhões de anos entre a
última camada de lava dos basaltos do Rio Columbia e os sedimentos glaciais Palouse
depositados pelo vento, que são terras de cultivo (Baski, 1989; Fryxel e Cook, 1964). Se
de fato tivessem transcorrido 14 milhões de anos, o efeito da erosão deveria ser
considerável, produzindo cortes através das várias camadas de basalto no planalto
conhecido como “Platô do Rio Columbia”. A finalidade desta pesquisa foi examinar o
contato entre as camadas, em busca de evidências dos 14 milhões de anos de erosão.
Existem muitos intervalos chamados de “hiatos cronológicos” no registro
geológico. Alguns desses hiatos cronológicos apresentam muito pouca erosão, ainda
mais quando se supõe terem transcorrido muitos milhões de anos entre a deposição do
estrato inferior e o depósito superior. Roth (1988) comentou este fenômeno. A geologia
nesta parte oriental do estado de Washington (EUA) se presta muito adequadamente ao
exame minucioso de um destes hiatos cronológicos, mesmo não sendo ele de tão grande
extensão como os que são expostos em outros locais. Este hiato se localiza entre o
depósito superior de basalto do rio Columbia, do Mioceno, e o loess Palouse, do
Pleistoceno, que o recobre. O estrato inferior deste “hiato” depositou-se como lava em
escoamento. Se não ocorreu um longo período de deposição gradual posterior, então o
contato entre as duas camadas deveria ser abrupto, a menos que tivesse havido erosão.
Outro fator favorável ao estudo deste “hiato” é a grande diferença entre as duas camadas
– a inferior é maciça, um material vulcânico escuro, e a superior é branda, um loess claro,
de origem sedimentar.
Colina Steptoe, local típico com forma de ilha ou janela que se sobressai acima da lava ou basalto.

SITUAÇÃO E GEOLOGIA
A área de estudo é um planalto que fica no estado de Washington, entre Walla
Walla, ao sul, e Spokane, ao norte, e entre a fronteira do estado de Idaho, ao leste, e a
rodovia 395 a oeste (Figura 1). A maior parte da topografia é de colinas onduladas,
resultado de arqueamento e domificação do basalto, com cânions que recortaram o planalto. A altitude diminui gradualmente de 850 metros ao leste até uns 150 metros a
oeste. Várias elevações topográficas no leste se compõem de granitos pré-cambrianos
subjacentes ao basalto. Entre elas as mais conhecidas são a “Colina Steptoe” a 1.101
metros de altura (foto acima), e o “Collado Kamiak”, com 1.110 metros.
Recobrindo o basalto como um manto (porém não os cumes de granito das
encostas íngremes) há uma espessa camada de sedimento fino, que se considera
formada por tilito glacial transportado pelo vento (Busacca, 2001). O tilito se espalha e se
ramifica até o norte e até o oeste, chegando até às colinas arborizadas das fraldas das
Montanhas Rochosas no estado de Idaho. Salvo nas bordas, oferece um solo agrícola
excelente, de até 5 metros de espessura, que é utilizado para plantação de trigo e
culturas irrigadas.
O dilúvio Missoula (chamado às vezes de dilúvio de Bretz ou dilúvio de Spokane),
que resultou da ruptura do dique de gelo do enorme lago Missoula represado entre os
vales das montanhas ao norte de Idaho e Montana Ocidental, removeu o loess de
grandes áreas desde o norte até o sudeste, erodindo profundos cânions no basalto
subjacente (Orr, Orr e Baldwin, 1992).
“Em 1921, Harlen Bretz propôs que os estranhos sulcos de erosão na região
oriental do estado de Washington deviam-se a enormes quantidades de água que escoou
sobre a região. A maioria dos geólogos, influenciados pela crença no conceito da teoria
do uniformismo (“o presente é a chave do passado”) sustentaram que a proposta era
inaceitável. Em 1942 foi publicado um artigo afirmando que as ondulações gigantescas
registradas na camada vulcânica eram sinais da erosão causada pelo escoamento
impetuoso das águas do lago glacial Missoula. Isto ajudou a estabelecer a correção da
teoria de Bretz. Porém, apesar desta evidência, a resistência dos geólogos contra
qualquer explicação que se assemelhasse a catastrofismo fez com que se passassem
outros 20 anos até que fossem aceitas aquelas explicações de Bretz”.
Quanto custa, às vezes, mudar de paradigmas!
Mais de trezentos derrames de lava que surgiram de erupções em fissuras no
sudeste de Washington, no noroeste de Oregon, e em Idaho depositaram camadas de
basalto na Bacia do Rio Columbia antes que o loess fosse depositado (Tolan et alli, 1989).
Três estratos basálticos principais compõem a área de estudo: as Montanhas Saddle,
Wanapum, e Grande Ronde (Reidel, 1983). A camada de basalto de maior altitude dos 27
sítios estudados, e de onde foram extraídas amostras, pertenciam ao Grupo Wanapum.
Todas as amostras são de basaltos que foram datados radiometricamente entre 15,3 e
14,5 milhões de anos.

METODOLOGIA
Nesta área de estudo foram localizados 27 sítios com exposição satisfatória do
contato Mioceno/Plioceno em cortes de estradas e em pedreiras ao longo de
aproximadamente 2.400 quilômetros de rodovias e estradas vicinais.
Em cada sítio foi aplicado o seguinte critério:
• O contato basalto/loess deveria estar claramente visível pelo menos ao longo de
50 metros. FIG. 1 – Mapa do município de Palouse, no sudoeste do estado de Washington. Os sítios onde foram recolhidas as
amostras estão indicados na ordem cronológica em que foram descobertos e examinados, nas três viagens distintas
feitas à área.
FIG. 2 – No sítio 26, a equipe está sobre uma superfície plana de basalto da qual foi removida a camada de loess. Ao
fundo, acima, observa-se o loess.
• O sítio não deveria ter sido afetado pela erosão do dilúvio Missoula. • O sítio não deveria estar situado em local onde pudesse ter sofrido o efeito de
recorte de cânions modernos ou de erosões recentes devidas a escoamentos
de água.
Recolheram-se 22 amostras de loess. Em vários locais não foram colhidas
amostras por duas razões: em um dos sítios, um canal de irrigação profundo impediu o
acesso; em vários outros sítios, o loess não podia ser alcançado devido à encosta muito
íngreme que impedia o acesso tanto por cima como por baixo. As amostras que
obtivemos vieram da parte mais acima do contato, porém não da superfície do solo sobre
a encosta.
Originalmente planejou-se a coleta de amostras situadas na superfície do próprio
basalto para estudá-las, porém na maioria dos casos isto foi impossível porque em muito
poucos sítios o loess tinha menos de uns dois metros de espessura e, portanto, pelo
trabalho requerido, não era fácil chegar à superfície do basalto. No Sítio nº 1, o
escoamento de água havia causado erosão no loess quase até o basalto, e por isso aí foi
possível chegar à superfície do basalto. Em vários lugares, os trabalhadores, ou a erosão
natural nas pedreiras, haviam removido a maior parte da camada de loess sem ter
afetado a camada inferior de basalto. Estes sítios deram oportunidade para o estudo da
superfície do basalto, como se vê na Figura 2.
Foi feito grande esforço para evitar sítios onde tivesse ocorrido erosão em tempos
modernos por escoamento de água, - por cânions ou pelo dilúvio Missoula, - porém
alguns operários haviam escavado a encosta a partir de algum riacho ou cânion de rio.
Nestes casos, era muito difícil determinar se o plano da pedreira que corria paralelo ao
cânion havia produzido um recuo da parede do cânion para além da crista de erosão.
Salvo uma exceção, todas as erosões de canais constatadas nos sítios de estudo
estavam associadas à erosão produzida depois da deposição do loess. A exceção
mencionada foi um corte na rodovia US-12, uns 11 quilômetros ao norte de Dayton,
estado de Washington. O corte da rodovia estava situado muito alto no paredão do
cânion, e houve dúvidas a respeito de estarem cumpridas as exigências mínimas
estabelecidas para os sítios. Havia algumas características particulares que serão
apresentadas mais adiante. FIG. 3 – Uma pedreira (Sítio 9) mostra dois estratos de basalto com o loess superposto. Uma delgada camada
de cinza vulcânica se localiza entre a camada superior e a segunda camada de basalto.
FIG. 4 – Esta grande pedreira em atividade (Sítio 17) mostra claramente a linha de contato abrupto e contínuo
entre o basalto e o loess. RESULTADOS
Quinze dos 27 sítios ofereciam contatos evidentes que não exibiam traços de
erosão. As Figuras 2, 3 e 4 ilustram três destes sítios. Em geral, o contato bem definido e
plano entre o basalto e o loess era notável. Contudo, as superfícies expostas dos
basaltos, quando visíveis, não apresentavam contato direto com o loess, mas formavam
uma camada espessa de rochas detríticas inconsolidadas formadas por fragmentos de
basalto, soltas e anfractuosas, geralmente não maiores que um punho, como se vê na
Figura 5. Cinco ou seis sítios exibiram erosão extensiva (“sheet”). Havia duas maneiras de
determinar isto. Primeiro, onde era visível a parte inferior da camada de basalto situada
mais acima, a diminuição de sua espessura pela erosão era detectada tomando como
base a linha horizontal do estrato. Em alguns casos, a espessura da camada, como se vê
no corte em um domo anticlinal, diminuía gradualmente e suavemente a cada lado do
anticlinal, e às vezes a erosão continuava aprofundando os cortes até às camadas
inferiores. Isto se vê na Figura 6. Em segundo lugar, nos casos em que não era visível a
parte inferior da camada de basalto situada mais acima, podia-se inferir que as colunas de
basalto não eram perpendiculares ao plano superior da camada por causa da erosão, e
não pelo arqueamento ou curvatura do derrame de lava.
Dez sítios mostravam arqueamento do basalto ou subsidência da superfície. A
topografia do loess moderno freqüentemente interagia com o arqueamento e a
subsidência do basalto subjacente.
O talude detrítico da erosão do dilúvio Missoula do Pleistoceno e a erosão e
intemperismo modernos são claramente visíveis em vários lugares. Não encontramos
exemplos de grandes áreas de depósitos pleistocênicos devidos à erosão pré-
pleistocênica na área de estudo. Entretanto, existem grandes depósitos desse material
fora da área de estudo.
Todas as amostras de loess que foram recolhidas tinham fragmentos de espículas
de esponjas. A origem destas espículas é desconhecida, porém estamos seguros que
derivam de esponjas marinhas.
Normalmente, o loess é decomposição homogênea, porém um exame bastante
detido mostra certa estratificação menor. Ocasionalmente encontram-se rochas de
tamanho regular e às vezes rochas maiores levadas pelo loess (Ver a Figura 7).
DISCUSSÃO
Os três elementos de maior interesse neste estudo são: a ausência relativa de
bacias e ravinas de erosão no basalto; a causa das chapadas de erosão ou erosão
extensiva; e a origem das espículas de esponjas no loess. As perguntas que surgem a
partir destas observações podem ser melhor entendidas quando são referidas na
seqüência dos eventos geológicos na área de pesquisa:
1 – Formação do granito.
2 – Erosão do granito, formando montículos e colinas, como se pode
observar bordejando a encosta norte do planalto do Rio Columbia, nas saliências no
basalto.
3 – Erupção de lava e deposição de numerosas camadas de basalto que se
estendem até o Oceano Pacífico, na costa dos estados de Oregon e Washington. FIG. 5 - Um longo corte de estrada mostra o contato plano entre o basalto e o loess sobreposto. Havia de 10 a 20 cm de
pedregulhos entre a superfície de cima do basalto e a camada de loess.
FIG. 6 - Sítio 5. Erosão plana e horizontal parece cortar várias camadas de basalto de cima a baixo. FIG. 7- Sítio 15. Erosão em bacias de basalto ao longo da beira de um vale profundo. No loess sobre o basalto “flutuam”
pedras e rochas.
4 – Ocasionalmente, finas camadas de sedimento, e escassa erosão entre
as camadas de basalto (os tópicos 3 e 4 seriam contemporâneos).
5 – Arqueamento e formação de domos em camadas de basalto.
6 – Erosão extensiva em escala menor (os tópicos 5 e 6 poderiam ter sido
contemporâneos).
7 – A deposição do loess Palouse com grande abundância de espículas de
esponjas.
8 – Erosão maior pelo dilúvio Missoula.
9 – Erosão menor e remoção do loess Palouse devido ao intemperismo e
atividades agrícolas modernas.
Note que a erosão extensiva do tópico 6 ocorreu antes da deposição de loess no
item 7.
Considerando o longo período de tempo atribuído normalmente entre a deposição
da última camada de basalto e a deposição do loess (14 milhões de anos), a erosão
deveria ter sido muito profunda. Embora exista alguma erosão, ela é infinitamente menor
do que deveria ser observado nesse período. A superfície da camada superior não
atingida pela erosão, imediatamente abaixo do loess, parece ser uma repetição do que
vemos nos outros estratos subjacentes que são visíveis nas paredes dos cânions mais
profundos da área. No local chamado Quedas do Palouse, que está na região de maior
erosão do dilúvio Missoula, a área Cheney-Palouse, em vários vales ocorreu a remoção
total do loess que os cobria, porém sem erosão alguma (ou pelo menos ínfima) do basalto
subjacente.
Os riachos que são vistos hoje na região freqüentemente escavam canais em
forma de V dentro do basalto, e se são muito grandes, escavam canais em forma de
U com encostas ou flancos verticais. O dilúvio Missoula do Pleistoceno escavou
cânions profundos. Como explicamos a erosão extensiva superficial? A ausência de cortes e vales ocasionados por erosão superposta à erosão
extensiva superficial nos sugere que a erosão superficial horizontal não foi resultado de
intemperismo prolongado. Não foram observadas na área de estudo as encostas dos
taludes ou as pilhas de rochas detríticas que resultaram da erosão anterior à do dilúvio
Missoula. Aparentemente, estes sedimentos foram transportados para outros sítios.
Portanto, a causa e o período envolvido nesta erosão horizontal superficial (embora
insignificante, comparada com a erosão que se esperaria em 14 milhões de anos),
constituem motivo suficiente para continuar este estudo no futuro.
A presença de espículas de esponjas no loess, em toda a área de estudo, é um
enigma. Ainda que se conheçam esponjas de água doce, sua abundância e a composição
silícica indicam que a fonte de origem é marinha. É difícil postular uma origem marinha
para o loess. Dentro do nosso conhecimento, não há sedimentos marinhos, nas
proximidades do basalto do Rio Columbia, que pudessem dar origem a estes restos
orgânicos.

 

CONCLUSÃO
O exame do contato entre o Mioceno de basalto do Rio Columbia e o Pleistoceno
do loess Palouse não revelou fendas ou sulcos de erosão salvo os efeitos do dilúvio
Missoula e erosões modernas, e ambos foram excluídos do estudo. Uma camada fina que
aparenta ser um perfil de intemperismo recobre a face superior da última camada de
basalto. A erosão anterior ao dilúvio Missoula se limitou a uma camada menor fina e
extensa de material erodido, cuja causa ainda aguarda explicação.
Este estudo, portanto, não apóia um lapso de 14 milhões de anos entre o último
fluxo de lava e a deposição do loess.

 

RECONHECIMENTOS
Ao Instituto de Pesquisas em Geociências de Loma Linda, por seu estímulo. Quero
agradecer a Denis Bokovoy e John Hergenrather que me acompanharam.

 

LITERATURA CITADA (EM INGLÊS)
Backer A. R. 1989. Reavaliação de Imnaha, Picture Gorge, e Basaltos Grande Ronde,
Grupos Basálticos Rio Columbia. Boletim da Geological Society of America. 239:105-111.
Busacca A. J. 1991. In: Morrison R. B. Editor. Geologia Quaternária no Glacial. Boletim da
Geological Society of America, K – 2:216-228.
Frywell R., Cook E. F.. 1964. Guia de Campo, Universidade do Estado de Washington.
Pullman, Washington. Informe de Pesquisas Nº 27.
Orr E. L., Orr W. N., Baldwin E. M. 1992, Geologia de Óregon, 4ª ed.
Reidel S. P. 1983, Basalto Grande Ronde de Washington, Óregon e Idaho. Boletim da
Geological Society of America. 94:519-542.
Roth A. A. 1988, Esses hiatos nas camadas sedimentares. Origins, 15:75-92 Tolan T. L., Reidel S.P., Beeson M. H., Anderson J. L., Feteh K. R., Swanson D. A. 1989,
Revisão das estimativas da extensão e volume do Grupo Basalto do Rio Columbia.
Informe Especial 239:1-20.

 

HOMENS DE CIÊNCIA E DE FÉ EM DEUS
Parte XXXII – por Dr. Ben Clausen
Adam Sedgwick (1785-1873) nasceu em Yorkshire, Inglaterra. Era o terceiro filho
de um pároco da Igreja Anglicana. Foi grandemente influenciado pela bondade e pureza
de vida de seu pai, como também por seu cristianismo tolerante e pragmático. Recorda
que o pai detestava a escravidão. Sedgwick em 1804 entrou para o “Trinity College” de
Cambridge, foi nomeado tutor de alunos em 1810, e sete anos mais tarde foi-lhe conferida
a “Ordem de Santidade”. Em 1818 foi nomeado Professor de Geologia da Universidade
de Cambridge, e mesmo que lhe faltasse instrução formal em geologia logo se
aperfeiçoou nesta ciência, e em 1829 chegou a ser presidente da Sociedade Geológica
de Londres. Em 1845 chegou a ser Vice-Mestre do “Trinity College”. Estando nesse alto
cargo, um de seus ideais foi abrir as portas da Universidade de Cambridge aos que não
eram anglicanos (até então só eram admitidos anglicanos). Com esse fim, ele e outro
colega, W. Whewell, entrevistaram o Príncipe Albert, consorte da Rainha Vitória, e o
convidaram para ser o Chanceler da Universidade. Assim começou sua boa amizade com
a Rainha.
Suas dissertações chegaram a ser imensamente populares e abertas à assistência
de senhoras. Exerceram influência sobre gerações sucessivas de estudantes de
Cambridge e motivaram o conhecimento avançado que os ingleses tiveram em geologia.
Sedgwick tinha o dom de poder comunicar-se com o povo trabalhador, e afirmava que a
imagem de Deus podia ser vista em muitas das pessoas pobres e simples. Numa
conferência que fez aos mineiros e artesãos perto de Newcastle, apresentou uma mistura
de geologia, ética e religião como parte de seu grande desejo de relacionar a ciência com
os problemas mais amplos, sociais e religiosos. Os trabalhos e opiniões de Sedgwick em
duas áreas – geologia e teoria evolucionista – são considerados a seguir, com maior
detalhe.
Ele e seu amigo Roderick Murchison, na década de 1830, trabalharam juntos para
decifrar os complexos estratos geológicos de Gales. Murchison estudou os estratos do
sudeste que têm fósseis de trilobitas e braquiópodes, e denominou esse período
geológico de Siluriano (nome de um povo celta que habitou Gales). Sedgwick estudou os
estratos do norte e denominou esse período com o qualificativo do antigo nome latino
dado a Gales - Cambriano. Em 1835, apresentaram um artigo conjunto sobre os dois
estudos. Sedgwick levantou alguns problemas existentes na parte de Murchison, porém
suas observações não foram aceitas por ele. Isto o aborreceu e afetou a sua amizade
com Murchison, levando-o a escrever a famosa frase: “Não sou mais teu amigo íntimo, porém te desejo o melhor, como meu irmão cristão”. Somente depois do falecimento deles
a ciência resolveu o problema levantado, agregando um novo período geológico entre os
estratos estudados – o período Ordoviciano – denominação dada em homenagem a uma
antiga tribo do norte de Gales.
A concepção de Sedgwick era de que as camadas sedimentares haviam sido
depositadas por águas catastróficas, e que muitas haviam sido causadas pelo dilúvio
bíblico. Apesar de crer que a Terra podia ser muito antiga, acreditava que Deus havia
criado a vida “por um poder que eu não posso nem imitar nem compreender”, e que logo
interveio constantemente em Sua obra, talvez através de catástrofes geológicas e
adaptações biológicas. Opôs-se aos longos éons de tempo de Hutton, e rejeitou a
mudança longa e gradual de Lyell, pois dizia que ela era uma negação direta do Antigo
Testamento, e mecanicista, sem Deus. Porém, tampouco aceitava os geólogos
“mosaicos” porque dizia que distorciam achados geológicos para acomodá-los a “suas
interpretações ingênuas de interpretações literais”. Ele considerava que, se houvesse
dificuldades religiosas com as conclusões da geologia, a verdade não deveria ser
distorcida para adaptá-la à crença.
Sedgwick manteve um relacionamento próximo com Charles Darwin quando em
1831 Darwin o ajudou no trabalho de campo ao norte de Gales. Quando Darwin fez sua
famosa viagem no Beagle ao redor do mundo, enviou amostras da América do Sul a
Sedgwick para análise, e também Sedgwick leu alguns dos trabalhos de Darwin na
Sociedade Geológica de Londres. No entanto, quando a teoria da transmutação das
espécies foi publicada de forma anônima por Robert Chambers em 1844, Sedgwick se
opôs à teoria e a apelidou de “pílula de arsênico folhada a ouro”. Logo, em 1859, quando
Darwin publicou A Origem das Espécies, Sedgwick se desgostou e ficou muito desiludido
com Darwin. Opôs-se à teoria por ela levar a um “mecanicismo amoral e materialista”, e
previu o desenvolvimento de um materialismo desumano solapando a responsabilidade
pessoal. Possivelmente foi o opositor mais sério do livro A Origem das Espécies. Depois
de ler o livro, escreveu uma carta a seu amigo Darwin, em 24 de novembro de 1859,
dizendo que “o li com mais dor que prazer”. Indicou que ”admirou grandemente” partes do
livro, porém, outras partes leu “com grande pesar porque creio que são completamente
falsas e gravemente perigosas”. Sedgwick admitiu que existiam desenvolvimentos na
natureza, porém enfatizou que “há uma parte moral ou metafísica da natureza, da mesma
forma como há uma parte física. Um homem que nega isto está profundamente afundado
no lamaçal da insensatez”. Expressou que sentia que Darwin houvesse feito o maior
esforço para quebrar o vínculo entre o material e a moral. “Se esse elo se quebra, no meu
conceito, a humanidade sofrerá um dano que pode brutalizá-la, e afundar a raça humana
num grau de degradação mais baixo do que qualquer grau em que jamais tenha caído”. NOTÍCIAS DO CAMPO DA CIÊNCIA
Dr. David H. Rhys
Gigantismo em Fósseis
Um dos princípios básicos da teoria da evolução é que o progresso evolutivo inclui
o desenvolvimento do tamanho do corpo físico. E. C. Olson em sua obra “The Evolution of
Life” (A Evolução da Vida), 1965, p. 240, assegura que “O aumento em tamanho é o curso
normal seguido na evolução das linhas filogenéticas e na irradiação adaptativa”, e o
destacado autor George Gaylor Simpson, referindo-se às leis da evolução, diz: “Entre
estas, uma das que melhor se estabeleceu é a tendência de aumentar em tamanho” (O
Sentido da Evolução, p. 132). Em muitos pontos da coluna geológica isto parece se
confirmar. Por exemplo, os trilobitas ao passarem do Cambriano até o Ordoviciano, e
ainda os dinossauros ao irem do Triássico ao Cretáceo.
No entanto, ao comparar os fósseis com as espécies vivas, cada vez mais se
descobre o contrário. Parece que os fósseis pertenceram a espécies gigantescas. Um
novo caso acaba de ser descoberto na Austrália (já são conhecidos os muitos fósseis de
cangurus gigantes na Austrália). Agora, um grupo de paleontólogos, no deserto ao norte
de Alice Springs, desenterrou os esqueletos de uma dezena de aves gigantescas não
voadoras que, quando vivas, pesariam meia tonelada cada uma. Pertencem ao gênero
Ilbandornis, com o nome comum de ocas. (Ver o periódico em espanhol La Nación, 17-7-
02). Descoberta de uma sexta fonte submarina
Há pouco foi descoberto um grupo de fontes hidrotermais que irrompem a grandes
profundidades no Oceano Índico, a 1600 quilômetros a leste da ilha de Madagascar.
Sendo o primeiro grupo de fontes no Oceano Índico, tem sido intensamente estudado,
pois é povoado por uma comunidade muito ativa de organismos, a maioria dos quais
nunca vistos antes. Foram encontradas novas espécies de mexilhões, crustáceos,
anêmonas, caracóis, lesmas, camarões e bactérias que metabolizam o enxofre. Muitos
dos organismos se assemelham, mas não são iguais, aos encontrados nas fontes do
Oceano Pacífico. Calcula-se que 70% deles pertencem a espécies novas para a ciência
(Science News, 15-09-02).
Astronauta C. Duke da Apollo XVI
O astronauta Charlie Duke, da Apolo 16, que foi à Lua, explica sua vida dizendo:
“Entreguei minha vida a Jesus em 1978, e desde então tenho edificado minha vida sobre
a Rocha Sólida”. Também descreveu: “Da Lua, dirigi meus olhos para a jóia do céu – a
Terra. Deus expressou a verdade acerca de sua criação quando falou do círculo da
Terra”. (Referência ao livro de Jó, capítulo 26, versículo 10).
À procura do palácio da Rainha de Sabá
O legendário romance celebrado na Bíblia (I Reis 10) e também no Corão, foi
registrado na tradição da Etiópia como episódio de uma dinastia da África, que durou até
a queda de Hailé Selassié em 1974. A história secular tem procurado uma prova absoluta
da existência da rainha, e desconhece seu nome real.
Um grupo internacional de arqueólogos, com membros de muitos países, como
Canadá, E.U.A, Yemen, Grã-Bretanha, Alemanha, Austrália, Jordânia, e Tribos Beduínas
continua a exploração iniciada no sudeste do Yemen, numa localidade perto de Sana’a e
Marib, onde se encontram as ruínas de Mahram Bilqis. Segundo cálculo de especialistas,
este era o “lugar santo” da Rainha de Sabá. Ali existe uma enorme quantidade de muros
gravados com figuras e inscrições, poucas decifradas e lidas. Até o momento, somente
1% do sítio foi explorado e acredita-se que levará uns dez anos para completá-lo. Prevê-
se que chegará a ser uma das maravilhas do mundo histórico, e já foi solicitado à
UNESCO que seja declarado Patrimônio da Herança Mundial. Quarto Encontro Brasileiro de Criacionistas
De 18 a 22 de janeiro deste ano, realizou-se no Centro Universitário Adventista de
São Paulo, pela quarta vez, o Encontro Nacional de Criacionistas. Foi um êxito, com
valiosas contribuições, e complementado com uma excursão geológica à Bacia do
Paraná, no Estado de São Paulo, com o objetivo de demonstrar no campo os conceitos
apresentados durante as palestras e reconhecer algumas das feições relacionadas com o
Dilúvio. Dentre os pontos visitados estão o Parque do Varvito em Itú, o Parque das
Monções em Porto Feliz e a Pedreira Togan no Município de Tietê. Dinossauro da Antártica sem explicação
O dinossauro de uns quatro metros de comprimento encontrado em 1999 por uma
equipe argentina na Península Antártica, classificado como um progenitor dos
hadrossauros (bico de pato), continua sem uma explicação e desafia as teorias sobre a
época da divisão da Pangéia, e da Tectônica de Placas. Segundo a teoria, a Antártica
separou-se das Américas antes do aparecimento dos hadrossauros, e supõe-se que os
hadrossauros originaram-se na América do Norte. Este foi o segundo fóssil descoberto na
Antártica. O primeiro foi encontrado em 1998 por uma equipe de geólogos da National
Science Foundation. A pergunta permanece: como estes animais terrestres chegaram à
Antártica, através do oceano?
“CIÊNCIAS DAS ORIGENS” é uma publicação quadrimestral do Geoscience Research Institute, situado no
Campus da Universidade de Loma Linda, Califórnia, U.S.A.
A Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia provê recursos para que esta edição em
Português de “Ciências das Origens” chegue gratuitamente a professores de cursos superiores interessados
em estudos das Origens. Grupos de pelo menos cinco estudantes interessados podem receber esta
publicação gratuitamente solicitando-a anualmente à Sociedade Criacionista Brasileira, enviando seus
nomes e endereços. Outros interessados deverão solicitar assinatura anual preenchendo o cupom que se
encontra na página 10 deste número.
Diretor – James Gibson
Redator – David H. Rhys
Redatores Associados
Edmundo Alva
Ben Clausen
Secretária
Jan Williams
Conselho Editorial - James Gibson (Diretor do GRI), Benjamin Clausen, Katherine Ching, Elaine Kennedy,
Raul Esperante, Tim Standish
Tiragem desta edição: 2.000 exemplares
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