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Tanatologia

TANATOLOGIA




Autor

Sodré Gonçalves



Morte do Leiteiro

Carlos Drummond de Andrade

 

Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.

Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.

E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.

Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.

Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.

Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.







TÓPICOS

INTRODUÇÃO A TANATOLOGIA
A MORTE
A FORMULA DE TOLSTÓI
ABORDAGENS EM SITUAÇÕES DE CONFLITO
CONFORTO
AGRAVOS PSICOSSOMATICOS
ENFERMEIRAS DIANTE DA MORTE
PAIS PERANTE A MORTE
IDÉIAS E ATITUDES QUE AUXILIAM O ENLUTADO
O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER NO LUTO
COMO RESOLVER NOSSA REVOLTA CONTRA DEUS DIANTE DA MORTE
A MORTE COMO UM MAL NECESSARIO

 



É uma área nova que auxilia muito uma visão mais integral do ser humano ".A Tanatologia é uma ciência ainda muito recente.

O conceito de Robert Kastenbaum e Ruth Aisenberg é que a Tanatologia é a ciência que estuda os processos emocionais e psicológicos que envolvem as reações à perda, o luto e a morte. Existe também o conceito de Evaldo D'Assumpção de que a Tanatologia é a ciência que estuda a vida através da ótica da morte. Isso nos remete a Willian Dilthey, precursor da fenomenologia que nos diz "a vida é um valor, e é a morte quem ratifica esse valor, se não fora a morte, como poderíamos valorar a vida ?"

Portanto a Tanatologia se preocupa não só com a morte física mas,  principalmente com as perdas"."
Nos apegamos em demasia às coisas materiais, pensamos em ter cada vez mais e nos angustiamos com a possibilidade de perdê-las.

Sobre essa terrível angústia e terror da morte que nos acompanha hoje, Ernest Becker (1973) em seu trabalho contemplado com o prêmio Pulitzer da literatura francesa, o livro A Negação da Morte, nos mostra o que leva o homem a comportar-se de forma extrema e paradoxal.

O terror da morte seria, segundo Becker, a mãe de todas as angústias e ao mesmo tempo a mola mestra da atividade humana, influenciando tanto seu comportamento quanto a sua subjetividade. Os valores aos quais nos prendemos tornam-se inconsistentes quando pensamos na possibilidade da nossa impermanência. Costumamos resignificar idéias, conceitos e atitudes quando admitimos que em algum momento perderemos a oportunidade de estarmos no mundo com os outros e com nós mesmos".http://www.redenacionaldetanatologia.psc.br/

"Em pesquisa realizada com 100 velhos relativamente doentes (Weisman, 1996) e 100 velhos relativamente saudáveis (Kastenbaum, 1983) encontrou-se a mesma resposta: 70% da população consultada não temia a morte como os indivíduos das fases anteriores. Isso nos remete ao sentido de "realização" para aqueles que conseguem se "livrar" dessa terrível angústia e viver a plenitude do ser".





A MORTE



E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo,  


assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação. Carta aos Hebreus capitulo 9



A realidade Material :
O fato, os aspectos preventivos, descuidos, contingências da vida

A realidade Emocional:
A dor da Perda, o amor, a memória, a saudade, a falta, as lágrimas

A Realidade Cósmica :
segundo as várias tradições (*** Foco em segmentos cristãos e passagem geral em outros segmentos não cristãos)

"Morte, óbito, falecimento ou passamento são termos que podem referir-se tanto ao término da vida de um organismo como ao estado desse organismo depois do evento. As alegorias comuns da morte são o Anjo da Morte, a cor negra, ou o famoso túnel com luminosidade ao fundo.

A morte é o fenômeno natural que mais se tem discutido tanto em religião, ciência, opiniões diversas. O Homem, desde o príncipio dos tempos, tem a caracterizado com misticismo, magia, mistério, segredo".http://pt.wikipedia.org/wiki/Morte


A FÓRMULA DE TOLSTÓI




Para Tolstoi quanto mais materialista somos , menos preparados estaremos para a morte, e maior sofrimento teremos diante dela

"Liev Tolstói, também conhecido como Léon Tolstói ou Leão Tolstoi ou Leo Tolstoy, Lev Nikoláievich Tolstói (em russo Лев Николаевич Толстой) (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910) é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.

Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e idéias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e desprovida de luxos.

Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.

Morreu aos 81 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples".

http://pt.wikipedia.org/wiki/Liev_Tolst%C3%B3i




Tolstoi, principe da literatura russa, em seus livros explora como ninguem o tema morte. 70% de seus comentarios se referem aos ultimos momentos e vida de seus personagens, 30% são dedicados a vida. Em A morte de Ivan Ilitch (1889), ele destaca como aquele homem era "de bem" na sociedade, era tudo que se espera de um filho, esposo, amigo e cidadão...mas aos poucos vamos percebendo que a vida vivida dentro das cortinas frageis do dever e do viver politicamete correto, na perspectiva de tolstoi vai se desvanescendo e revelando toda sua futilidade.

Na hora da morte, de nada adianta todas aquelas "vitorias", e o que clama no leito de morte do Juiz é o não ter muito significado sua vida

Não houveram muitos links com a eternidade, e a ponte entre a vida e a morte não era avistada

Para Tolstoi quanto mais materialista somos , menos preparados estaremos para a morte, e maior sofrimento teremos diante dela


ABORDAGENS




Defendemos com base em pesquisa de abordagens *,  que compartilhar da realidade cruel é artigo imprescindivel para se conseguir resolver ou aplainar relações conflituosas.

* PSS - Sistema de atendimento  formado por pesquisa com abordagens feitas por   80 pessoas

compaixão = passion=dor
paciência= sentir a dor

Talvez de outra forma , o outro não te escuta por maiores riquezas que vc queira transmitir e/ou fazer. A pessoa precisa saber que vc a entende, compreende, respeita, vivencia , sua dor, antes de te ouvir.

Depois de compartilhar da sua realidade e da dor da(s) pessoa(s) , transmitindo que vc percebeu, entendeu, visualizou, REPETIU para ela sua dor, e sobretudo compartilhou um pouco de sua dor, começar então o conforto

Assim temos um quadro de abordagem ao sofredor terminal, parentes e o proprio paciente:


3 PASSOS QUE DEVEM SER REPETIDOS NAS ABORDAGENS

1. SENTIR A DOR DO OUTRO
Através do silencio, abraços, respeito, sondagens, ouvidoria e demonstração que está a par tanto das emoções quanto dos acontecmentos

2. ATITUDE CONTEMPLATIVA
Levar a pessoa a contemplar opções de soluções. Uma vez que ela esteja confiada a vc, que a entende, elas te ouvirá. Fazer Paralelos metafóricos 1, Escolher opções de frases de conforto e reflexão 2, cartões, ajuda, cânticos, poemas

ACOMPANHAMENTO E CONSTRUÇÃO
Documentos, companhia, diretrizes, mudanças, acomodações e adaptações


1.. "o vaso chinês é o mais mais precioso do mundo, é um vaso que é feito e depois é quebrado; seus pedaços são juntados novamente, como na montagem de um quebra-cabeças, mas o rejunte colocado entre os pedaços é de ouro..."





1.2. Perguntei a Deus o que uma cachoeira nos ensina e ele me disse: O Rio agora anda tranquilo, mas houve um momento que ele caiu, se chocou contra pedras, se desmanchou, mas depois ficou tranuilo novamente..e quando olhamos para trás, aqueles tristes momentos do rio, é o momento mais bonito



2."Os ventos que as vezes tiram algo que amamos,
são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar.
Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim,
aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo
que é realmente nosso, nunca se vai para sempre."


"Não se conhece um homem por sua animação, mas pela quantidade de sofrimento verdadeiro que ele é capaz de suportar." C. T. Studd

"o que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. em silêncio. sem dar conselhos. sem que digam: Se eu fosse você..." (rubem alves)

"A saudade de você acende a luz do meu quarto e não me deixa dormir." (Ítalo Campos)

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." (Drummond)

"Os homens não estão atrás de Deus. Estão atrás do milagre". (Dostoiévski)


"palavras que vêm do coração permanecem aquecidas por três invernos consecutivos" [provérbio chinês].

"O homem não é tão ferido pelo que acontece, e sim pelo valor que dá ao que lhe acontece." Michel de Montaigne

"Em suma, existem somente dois tipos de pessoas: as que dizem a Deus: `Faça-se a Tua vontade´; e aquelas a quem Deus lhes dirá por último: `Faça-se a tua vontade´." (C. S. Lewis)

"a semelhança dos destinos, principalmente quando esses destinos são desditosos, é o vínculo que mais prende duas almas."
"Viver é um rasgar-se e remendar-se". (Guimaraes Rosa)

 "O sofrimento é uma espécie de sacramento para quem o recebe sem ódio."
(Louis Evely)

"quanto mais me despedaço,mais fico inteira e serena."
(Cecilia Meireles)


"haveria um grande silêncio em mim, mesmo que eu falasse."
(Clarisse Lispector)


"não permita que sua felicidade dependa de algo que possa perder." (C S Lewis)


"tenham fé no Senhor, o Seu Deus e vcs serão sustentados." (II crônicas 20:20.)

"não te deixes destruir...
ajuntando novas pedras e construindo novos poemas, recria tua vida, sempre, sempre. (Cora Coralina)


De repente me deu vontade de um abraço...
uma vontade de entrelaço, de proximidade...
de amizade, sei lá...
Talvez um aconchego que enfatize a vida e
amenize as dores...
Deu vontade de poder rever saudade de um abraço.
Só sei que me deu vontade desse abraço...

"a vida é como um livro que deve ser folheado página por página sem se consultar o índice." ( Confucio)


"e no meio do inverno, descobri que dentro de mim, havia um verão invencível."(Camus)


"nunca, nunca, nunca, nunca desista!" (Winstol Churchill)


"A vida começa todos os dias. O mundo seria insuportável se todas as pessoas tivessem boa memoria."


"É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer,
de me fazer feliz ou trazer consolo."

(Héloïse/Abélard)

"A dor não pede compreensão, pede respeito. -
( Fabricio Carpinejar)

"nosso sofrimento se eterniza, até que alguém nos convença que Deus está acima dele." (Antonio Francisco).

"A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás, mas só pode ser vivida, olhando-se para frente." (Kierkergaard)

"Nenhum idioma tem nome para quem sobrevive a perda de um filho... Para tal dor não há lugar sequer na língua...Zeus da mitologia grega, compadeceu-se do pranto de Níobe, que perdeu seus filhos e a transformou numa rocha que verte água... Foi a forma encontrada dos antigos para simbolizar a dor sem nome... mães que perdem filhos são pedras que choram".


"lembrar é fácil para quem tem memória. esquecer é difícil para quem tem coração." (Shakespeare)

"É curioso como as contrariedades afetam de maneira diferente as pessoas. Elas são como o calor, que azeda o leite mas adoça as maçãs." - (Thomas Edison)

"A vida é uma pedra de amolar: ela vos desgasta ou afia, conforme o metal de que sois feitos." (Bernard Shaw)

"Os ventos que as vezes tiram algo que amamos,
são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar.
Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim,
aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo
que é realmente nosso, nunca se vai para sempre."

"Não se conhece um homem por sua animação, mas pela quantidade de sofrimento verdadeiro que ele é capaz de suportar." (C. T. Studd)

"o que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. em silêncio. sem dar conselhos. sem que digam: Se eu fosse você..." (rubem alves)

"A saudade de você acende a luz do meu quarto e não me deixa dormir." (Ítalo Campos)

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." (Drummond)

"Os homens não estão atrás de Deus. Estão atrás do milagre". (Dostoiévski)
.
remove pedras e planta roseiras e faz doces. recomeça.
faz de tua vida mesquinha um poema. e viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
esta fonte é para uso de todos os sedentos. toma a tua parte. vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede."
Confia Sempre
Confia sempre, não percas a tua fé entre as sombras do mundo. Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para frente, erguendo-o por luz celeste, acima de ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e espera com paciência. Tudo passa, e tudo se renova na terra, mas o que vem do céu permanecerá. De todos os infelizes os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmos, porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo. Eleva, pois, o teu olhar e caminha. Luta e serve. Aprende e adianta-te. Brilha a alvorada além da noite. Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte... Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.
(autor desconhecido)


AGRAVOS PSICOSSOMATICOS



De acordo com as idéias de Lewis & Volkmar (1993), crianças que experienciam sucessivas internações permanecem mais suscetíveis ao desencadeamento de reações psíquicas, que podem apresentar-se das seguintes maneiras:

 Sintomas psicossomáticos: mal-estar, dor, irritabilidade, distúrbios do sono e do apetite;

 Intensificação do comportamento de vínculo (a criança começa a solicitar atenção tempo integral);

 Sentimentos de desamparo e impotência;

 Fantasias assustadoras acerca da doença e dos procedimentos;

 Angústia e mobilização de mecanismos de defesa e

 Desencadeamento ou agravamento de doenças psiquiátricas.

A partir destes sintomas, observamos que a passividade ou a agressividade demonstrada pela criança está relacionada à experiência de castração referente à doença e ao tratamento. Enquanto umas crianças reagem passivamente à castração, apresentando um comportamento obediente ou até mesmo regredido, outras reagem agredindo e rechaçando o tratamento, os profissionais de saúde e até mesmo seus pais, uma vez que estes demonstram-se impotentes e incapazes de defendê-las da castração imposta pela doença e pelo tratamento.



ENFERMEIRAS DIANTE DA MORTE

Em seguida, serão apresentadas as falas mais significativas das enfermeiras, sendo agrupadas segundo as categorias que emergiram.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002006000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Sentimentos que emergem na Convivência com a Morte
... Impotência
"A gente se sente impotente, sofre mais pelo fracasso de saber que a gente não conseguiu"(E)
"Será que eu fiz o possível? Será que eu não podia fazer um pouquinho mais?"(H)
"Há um sentimento de impotência, porque você tenta fazer tudo pra salvar e, às vezes, não consegue"(G)
"A gente sente aquela coisa, pôxa, aquele paciente que eu cuidei foi à óbito"(D)
... Tristeza
"Eu sinto aquela tristeza, até lágrimas, às vezes, a gente chora porque infelizmente a gente se envolve mesmo"(D)
"A morte não deixa de ser tristeza, saudade, perda..."(B)
"Sinto angústia, decepção... (silêncio)"(H)
"Quando a gente se envolve com o paciente na hora o sentimento é de perda"(E)
"Como eu trabalho com recém-nascido, quando me envolvo, acabo me emocionando e afetando meu trabalho"(J)
"Com certeza adentra minha vida pessoal"(A)
"Tem bebês que passam muito tempo aqui, você se apega, é muito difícil, realmente eu não gosto muito de falar sobre a morte"(C)
"...quando o bebê apenas piorava eu não conseguia me controlar emocionalmente"(E)
"O que eu procuro sempre é colocar meus filhos na situação"(H)
"Vez ou outra eu ligo: Como é que tá, o bebê melhorou? Não, faleceu? Apesar do tempo, eu não consegui fazer essa desvinculação. Eu acho necessária, mas não me prejudica sabe?"(A).
"Eu não tenho medo jamais de expor as minhas emoções, acho que a enfermeira deve se envolver, sem medo, de coração"(H).
"Se você vai tratar pensando em não se envolver, você não vai tratar como um ser humano, que necessita do teu cuidado, do teu carinho"(A).




... Indiferença



"Eu acabei chegando a conclusão que eu me manter a distância, não me envolver tanto era necessário ou ia acabar em frangalhos"(E)
"Às vezes, o bebê chora a noite toda... entra por um ouvido e sai por outro, a morte passa do mesmo jeito; o bebê acaba de ir à óbito e a gente vê profissionais conversando sobre a vida alheia e rindo, contando piada"(J)
"Quando eu envolvo, acabo me emocionando e afetando meu trabalho"(J)
"Frieza, porque o trabalho da gente é fazer o procedimento"(D)
"Toda vez que morrer um paciente, se a gente for se desgastar emocionalmente(...) aí a gente acaba criando uma capazinha dura para se proteger, frieza."(E)
"Às vezes o apego maior é com bebê que já está aqui há meses"(E)
"A gente se apega, porque aqui eles demoram muito, a gente vê eles evoluindo satisfatoriamente, faz tudo para tentar melhorar"(I)


... Alívio



"Se for uma criança que realmente já está se arrastando, é um alívio. Tem bebês que é aquela morte surpresa, que você se choca, você se doou tanto na assistência..."(B)
"Quando é um paciente que chegou a morte e ele estava bem, você se lamenta, começa a procurar as interrogações e os porquês"(D)
"Se o bebê tá muito grave, sofrendo, pra gente é um alívio, a gente encara como uma coisa boa pra ele... Se é um bebê que vem bem e de repente piora, a gente fica arrasada"(E)




... Preocupação com o corpo após a morte


"Eu procuro deixar arrumadinho, de forma que a mãe quando chega não veja que o bebê ficou tão sofrido, né, eu tento arrumar , as mãozinhas póstumas , tento fechar a boquinha."(A)
"Deixo ele com a melhor aparência possível, para que a família não entre em choque quando veja"(I)


Convivendo com a Família no Processo de Morrer


... Estabelecendo vínculos

"Quando ela chega e vê o bebezinho, não tem como conter as lágrimas, você chora com ela, vive aquela hora de sofrimento. Tem que conversar, sofrer junto, faz parte do nosso dia-a-dia"(A)
"É importante estar presente, dar apoio, o principal é ouvir."(H)

... Dificuldade de estabelecer vínculos

"A gente precisa preparar a mãe, mas não temos tempo de trabalhar todas, né? É muito duro dizer assim: mãe seu filho morreu"(D)
"Eu não minto, eu digo: a senhora sabe que seu bebê tá muito grave... É muito difícil dar uma notícia dessas"(G).



... Proporcionando conforto à família

"Quando acontece comigo de um bebê ir à óbito, principalmente um que a mãe nunca acarinhou, retiro tudo e pergunto se ela quer colocá-lo no colo, se quer ficar um tempo com ele, ela tem o direito de ter o sentimento daquele luto."(H)




Influência da Formação Acadêmica para a Convivência com o Paciente Terminal

... Lacuna na formação universitária

"Na faculdade a gente comenta raramente sobre como você pode abordar a família na hora que o paciente morre... Senti necessidade de fazer um curso extra-curricular (E)
"A gente aprende a preparar o corpo na universidade, mas não tem uma abordagem sobre a morte, como é lidar com isso. A gente não sai preparado, apesar de saber que vai lidar com estas situações, que faz parte da nossa vivência"(F)


... Percebendo a necessidade de uma melhor formação

"Senti necessidade de fazer um curso extra-curricular, pra mim foi muito bom...Seria necessário realmente na faculdade ter uma disciplina sobre isso" (E)
"Não teve nada na minha formação acadêmica. É importante que tivesse algo na academia. A gente foi vivenciar a morte já com a morte mesmo. A vida continua, o trabalho tem que continuar, não tem preocupação na faculdade nem no ambiente de trabalho." (B)
"Não teve nada sobre isso onde me formei. Acho necessário."(A)
... Distância entre teoria e prática
"A minha formação não influencia quanto a esse aspecto. Por mais que se fale em uma sala de aula sobre morte é inexplicável, é muito diferente no dia-a-dia as situações que você encontra...A teoria é importante , mas certas coisas na vida você tem que vivenciar"(C).

    

PAIS PERANTE A MORTE

A primeira tarefa que precisamos realizar é a aceitação da realidade da perda, sem isso não poderemos prosseguir no processo.  Após a aceitação dessa nova realidade em nossa vida precisamos trabalhar a dor que emerge da perda, e, quanto mais significativa essa perda mais sentimos dor. Se avançarmos na realização das tarefas do luto temos que nos acostumar com a falta da pessoa perdida no ambiente em que vivíamos com ela. É difícil entrar no quarto do filho e ver que ele nunca mais vai estar ali.

Mas a vida nos chama e precisamos reposicionar em termos emocionais a pessoa que perdemos. É hora de destinar um lugar adequado para o ente querido que não está mais aqui conosco, mas que poderá permanecer para sempre em nossas lembranças. Com isso nos damos o direito de nos abrirmos a novas experiências com outras pessoas e com o mundo. Mas há certos tipos de perdas que levam a um tipo especial de luto, por exemplo, o suicídio.

Nesse caso um alto grau de culpa e rejeição se estabelecerá. Pode vir o sentimento de que poderíamos ter feito algo para evitar o fato. Também sentimos raiva do morto por ter nos colocado em uma situação onde além de perdermos somos estigmatizados pela sociedade como alguém que não foi capaz de impedir o acontecimento.

O aborto é outro tipo de perda que indica um tipo de luto especial, primeiro porque é uma perda carregada de auto censura mesmo que tenha sido espontâneo. E se o aborto foi provocado há muito mais dificuldade de ser elaborado, pois está enquadrado entre as perdas socialmente negadas. Fica difícil para uma adolescente procurar ajuda para esse conflito, principalmente nos países em que o aborto é crime.

Outro tipo de perda de difícil resolução é a perda ambígua. Conforme (Walsh, 1998) a dificuldade em aceitar a realidade da perda e dar vazão ao processo do luto é a ausência do corpo do morto, nesse caso fica a sensação de que a qualquer momento a pessoa perdida poderá reaparecer. É muito difícil, por exemplo, para uma mulher que foi à praia com o marido e esse desaparece repentinamente no mar sem nunca mais retornar. O filho seqüestrado ou desaparecido leva a mãe à não se desligar mais do evento da perda e a esperança de reencontro poderá durar indefinidamente.

Outro tipo de perda que leva a um luto mais dificultoso é a perda por assassinato. Sabemos que se o assassino continua solto após cometer o crime e dificilmente a família ou o ente querido mais atingido conseguirá entrar no processo do luto enquanto o assassino não for apenado. As questões legais e a morosidade da justiça dificulta a entrada da pessoa no processo e o que se observa é um desejo de vingança ou justiça, que embotam outros sentimentos que deveriam emergir para facilitar o processo do luto.

É muito difícil para nós da sociedade ocidental  lidarmos com as perdas até porque nos apegamos em demasia às coisas materiais e somos insistentemente estimulados para o consumismo deixando de lado valores outros que agregam bem-estar e satisfação. 

Portanto se faz necessário que os profissionais se disponham mais a refletir e trabalhar as questões pertinentes à morte e a perda, pois com certeza isso facilitaria a sua prática e seria um grande ganho para a sua vida pessoal".  http://www.redenacionaldetanatologia.psc.br/


O Processo de Luto dos Pais

Segundo Bowlby (1985), o processo de luto dos pais inicia-se quando o médico comunica o diagnóstico de doença terminal. Eles vivenciam uma espécie de torpor alternado por explosões de ira direcionada aos profissionais de saúde e, principalmente, ao médico que transmitiu o diagnóstico. Os pais sentem-se confusos e por vezes referem-se à situação como se fosse um sonho ruim do qual irão posteriormente despertar. Até que consigam assimilar a notícia, tendem a comportar-se de modo distante, como se tudo aquilo dissesse respeito a uma outra família.

Após o choque do primeiro momento, surge a fase da descrença na exatidão do diagnóstico e a tentativa de reversão do quadro. Os pais iniciam uma busca de informações médicas, geralmente com a finalidade de ouvir aquilo que gostariam, ou seja, que seu filho não está gravemente doente e não para saber mais sobre a doença, seu curso e prognóstico. Neste momento entra em funcionamento o mecanismo de defesa da negação.

Quando os pais surpreendem-se desejando que a criança morra em breve a fim de minimizar seu sofrimento emocional e financeiro, surge um sentimento de culpa, que gera a mobilização do mecanismo de defesa da formação reativa. A angústia dos pais pode ser dirigida à criança através de cuidados excessivos com o objetivo de compensá-la pelo sofrimento. Nesse caso, os pais tornam-se superprotetores com relação à criança doente, tentando preservá-la de tudo e de todos que possam a vir causar-lhe algum mal. Este comportamento superprotetor também pode estender-se aos irmãos do paciente. Quanto mais compulsiva a necessidade de superproteger a criança, mais se pode depreender o esforço realizado a fim de se descartar e negar idéias relacionadas à morte.

Existem casos em que os pais concentram-se na criança enferma e negligenciam a casa, o trabalho, os outros filhos etc. Muitos passam a acreditar que se tivessem estado mais atentos às primeiras manifestações da doença, a criança certamente escaparia da morte.

Alguns pais, ao perceberem que têm raiva de seu filho pelo fato de ele estar morrendo, sentem-se culpados e podem deslocar esta raiva para outras pessoas, como o cônjuge e os profissionais que tratam da criança, por exemplo.

Quando um dos pais reconhece a gravidade da doença da criança enquanto o outro mantém-se em uma postura de negação, ocorrem muitos conflitos conjugais, que persistem no tocante à questão de quando e como transmitir a notícia da doença à criança.

Após alguns meses de expectativas desfeitas com relação à reversão do quadro, os pais passam a admitir a exatidão do diagnóstico médico e iniciam um processo de luto antecipado, com um gradativo desengajamento emocional. Quando a criança falece, os pais geralmente já se encontram preparados e até mesmo aliviados.

Segundo Easson, (referido por Torres et al.,1990) o luto antecipado da família pode ocorrer antes mesmo do diagnóstico ser transmitido. A comunicação não-verbal entre a criança e seus familiares por vezes acaba antevendo a notícia. O diagnóstico apenas faz com que o luto torne-se mais aberto e evidente.

Com a proximidade da morte, os pais podem sentir remorso e um profundo sentimento de amor pela criança. Neste momento, a negação raramente persiste e, após o falecimento, a culpa e o alívio permanecem entrelaçados. Quanto mais se permite aos pais participarem ativamente dos cuidados para com a criança, menos culpados se sentirão.

A boa ou a má evolução do luto depende muito da maneira como os pais se relacionam. Se estes se mantiverem unidos e possuírem a capacidade de confortar e apoiar um ao outro, o luto provavelmente será bem elaborado. Porém, se o casal estiver em conflito, a família poderá desestruturar-se.



IDÉIAS E ATITUDES QUER AUXILIAM O ENLUTADO

Idéias e Atitudes para Aceitação da Morte



Idéias de Propósito do Sofrimento

Auto-purificação
Missão
Revelação
Karmas


Atitude Mental ideal do Paciente

Paz consigo mesmo
Confiança em Deus
Entendimento parcial da situação
Aceitação
Amadurecimento
Produção e Almentação dos outros
Ternura
Paciência


Atitudes Práticas

Cuidar do que restou
Sanar as Faltas
Sofrer a dor sem auto-destruir-se. Sofre-la com entendendo e respeitando seus seus limites, seu coração, sua mente, respeitando os familiares e próximos que sofrem ao te ver sofrer.
Evitar situações que relembrem demais, controlando a memória e o pensar
Trabalho
Resolver Documentação
Conviver com a Dor Serenamente
Fazer da Morte uma Lição de Vida, significando-a a uma conquista, honrando-a

Atitudes Religiosas e Sagradas
Oração
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Meditação no Amor de Deus e Cuidado
Confiar a Deus o Destino
Estudo das Promessas Sagradas
Ter Esperança e Esperar em Deus
Ajudar Semelhantes que passam por situações semelhantes
É Preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã (Amar demasiadamente aos vivos de hoje porque eles serão também os mortos de amanhã)
Se Preparar para ser um Cidadão do Reino de Cristo
Ter a Firme Consciência de que nem uma folha cai sem que Deus permita e nem uma lágrima role sem que Ele não sinta
Sobrepor a dor da perda, é tambem uma maneira de saber enfrentá-la um dia



*** Creio que devemos vivenciar cada fase da perda
Para KYES & HOFLING (1985), as enfermeiras devem deixar que os familiares falem ou chorem, se é isso que eles precisam fazer. Tolerar seu comportamento, qualquer que seja ele, ajuda a família a começar o processo de luto, tão necessário a essa altura. Não ajuda nada dar-lhes a impressão de que não devem demonstrar emoção, que tudo deve ser concluído rapidamente, fazendo, por exemplo, com que o corpo seja removido rapidamente.



TERMO HEBRAICO AION =ETERNIDADE DE UM PERIODO


É certo que a Bíblia diz sobre a eternidade do Inferno. Mas acontece que a palavra "aion" - assim como seu adjetivo "aionios" - traduzida como "eterno", na verdade significa "tempo indeterminado",
"duração indefinida", "longa duração". E a mesma coisa com a palavra hebraica "olam".

"O conceito de eternidade nas línguas semíticas é o de uma longa duração e séries de eras" (Rev. J. S. Blunt - Dicionário de Teologia)

"'É do conhecimento de muitos", diz Bispo Rust, "que os judeus, seja escrevendo em hebraico ou em grego, referem-se a olam (a palavra hebraica correspondente a aion), e a aion no sentido de um certo período ou duração." "A palavra aion nunca é usada nas Escrituras, ou em nenhum outro lugar, no sentido de sem fim (vulgarmente chamado eternidade, ela significa, nas Escrituras e fora delas, um período de tempo; afinal, como poderia ela ter um plural - como poderia você falar em aeons e aeons de aeons como nas Escrituras?" (Charles Kingsley)

Prova disso é que há passagens onde também traduziram como "eterno" ou "para sempre" e esse significado não é suportado.

Exemplo: "Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida. (Jonas 2:6)"

Jonas não esteve para sempre, eternamente, na baleia.

Há vários outros exemplos: Canaã não foi dada para os judeus eternamente, Sodoma e Gomorra não estão queimando até hoje, o sacerdócio dos levitas não existe até hoje, etc.

Se "olam"/"aion" significa para sempre, então os escravos hebreus, de milhares de anos atrás, devem estar servindo aos seus senhores até hoje:

"Mas se esse servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, a minha mulher e a meus filhos, não quero sair forro; então seu senhor o levará perante os juízes, e o fará chegar ã porta, ou ao umbral da porta, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre." (Êxodo 21:5-6)

"Aionios" é o adjetivo de "aion", significando "de longo tempo", "de longa duração". Pode significar "eterno" apenas em relação a Deus mas não no seu sentido original.

"Aion" tem plural, portanto não pode significar eterno. Há frases onde a palavra "aion" é usada repetidamente na Bíblia, um "aion" adicionado a outro "aion". Mas como, se "aion" deveria por si mesmo ser o infinito? Há frases se referindo a um "aion" ou a uns "aions" e ALÉM (ton aiona kai ep aiona kai eti: eis tous aionas kai eti. - Septuaginta - Êxodo 15:18; Daniel 12:3; Miquéias 4:5.) Algumas vezes a Bíblia se refere ao fim do "aion" (Mateus. 13:39,40,49; 24:3; 28:20; I Coríntios. 10:11; Hebreus. 9:26.), se referindo ao fim de um ciclo, de uma era, não ao fim do mundo.

Alguns espertos tradutores ainda colocaram um "eterno" onde nem havia "olam"/"aion", como em Mateus 18:8. Mas o fato é que Jesus sempre falou sobre um "temporário período de correção" (kolasin aionion) em contraste com os escritos pagãos que falavam sobre um "castigo eterno" (aidios timoria). A palavra SEMPRE usada pelos escritores gregos ao se referir a um castigo eterno é "aidios". Então, a Bíblia iria usar a palavra "aidios" se o inferno fosse eterno. Já havia nos tempos do Cristo seitas que acreditavam numa punição eterna.
Vejamos o que diz "The Origins of Endless Punishment" ("As Origens da Punição Eterna") escrita por Hanson em 1899: "Por exemplo, os fariseus, de acordo com Josepho, achavam que a penalidade para o pecado era um tormento sem fim e eles declaram essa doutrina sem ambiguidade. Chamavam de eirgmos aidios (Prisão Eterna) e timorion adialeipton (Tormento sem fim) enquanto nosso Senhor chamava a punição do pecado de aionion kolasin (longa punição)"

As palavras "eirgmos aidios" ou "prisão eterna" e "timorion adialeipton", "tormento sem fim", jamais aparecem no Novo Testamento. Claro, pois Deus é AMOR e é para ser AMADO e não TEMIDO.


Fonte  sobre "aions" acima

http://flyinabove.bloghi.com/2005/11/28/aidios-the-greek-word-that-does-mean-eternal.html
.
http://www.biblicaluniversalist.com/Aion.html
.
http://www.victorzammit.com/articles/pope.html
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http://www.veda.harekrsna.cz/encyclopedia/reincarnation.htm
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http://www.sitepalace.com/espiritismoehcristao/ieterno.htm


antes do iluminismo (citado aqui pelo pr azenilto)
"Toda a esperança luterana repousa na ressurreição após a morte, e nada há entre a morte e a ressurreição, exceto o descanso em Deus".
http://www.sinodors.org.br/sinodo/posicionamentos/ieclb_sepultamento%20cremacao.doc

O Evangelischer Erwachsenenkatechismus (Catecismo Evangélico Para Adultos), da Igreja Luterana, admite abertamente que "a fonte de ensino de que a alma humana é imortal não é a Bíblia, e sim o filósofo grego Platão (427-347 AC), que sustentava enfaticamente que havia uma diferença entre o corpo e a alma". Prossegue dizendo: "Os teólogos evangélicos dos tempos modernos questionam esta combinação de conceitos grego e bíblico. . . . Rejeitam a separação do homem em corpo e alma".

Mais adiante:

"Visto que o homem, como um todo, é pecador, portanto, na morte, ele falece completamente, com corpo e alma (morte total). . . . Entre a morte e a ressurreição há uma lacuna; no melhor dos casos, a pessoa continua sua existência na memória de Deus".

Em 29 de novembro de 1520 Lutero emitiu sua famosa resposta a uma bula papal sob o título de "Afirmação de Todos os Artigos Erroneamente Condenados na Bula Romana", Ali enumera o que ele considerou serem os cinco erros papais. É dito que o quinto constitui a idéia da "imortalidade natural da alma". Lutero as chama "opiniões monstruosas" e "corrupções romanas" que vieram "todas" do "monturo romano de decretos".

"Em Lutero reaparecem as perspectivas decisivas do Novo Testamento, e se constituem outra vez nos elementos dominantes de seu pensamento". - Paul Althaus, Op. Cit., págs. 413, 414.

Não obstante, Paulo Althaus afirma que:

"A teologia da igreja luterana subseqüente não acompanhou a Lutero neste ponto. Antes, adotou de novo a tradição medieval e a continuou". -Ibid., pág. 417.

Em 1765, o arquidiácono anglicano Francis Blackburne, revisou toda esta questão e fez estas surpreendentes observações:

"A desventura foi que seus discípulos mais imediatos [de Lutero] seguiram outra persuasão, e, por conseguinte, em vez de defender a doutrina de seu mestre se empenharam em provar que ele nunca a havia sustentado. . . . Deixando [assim] a raiz principal do papado por terra, não admira que fossem tão ineficazes em podar os frutos corruptos que sempre têm brotado e sempre brotarão dela".-Francis Blackburne, A Short Historical View, pág. 125.

Sem embargo, desde os dias da Reforma, outros homens notáveis de Deus tem-se apegado ao ponto de vista de Lutero com respeito à imortalidade somente em Cristo (1 João 5:12--"quem tem o Filho, tem a vida"), como os tradutores bíblicos Tyndale, Moffatt, Weymouth, entre muitos mais, como o poeta inglês cristão John Milton, o hebraísta Deliztch, teólogos como Helmut Thielecke, o pastor presbiteriano brasileiro Otoniel Mota, e mais modernamente Oscar Cullmann, Clark Pinnock, John Stott.
O erudito luterano Dr. Paul Althaus, faz estas observações em seu livro The Theology of Martin Luther:

"A esperança da igreja primitiva centralizava-se na ressurreição do Dia Final. É isto o que por vez primeira chama os mortos à vida eterna (1 Cor. 15; Fil. 3:20 em diante). Esta ressurreição se efetua para o homem inteiro e não só para o corpo. Paulo fala da ressurreição, não do 'corpo', mas dos 'mortos'. Este entendimento da ressurreição subentende implicitamente a morte como algo que também afeta o homem total.
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=37101&tid=5206990888204458037&na=3&nst=15&nid=37101-5206990888204458037-5208030351893398686

http://www.scribd.com/doc/211721/C-S-Lewis-O-Problema-do-Sofrimento
"Uma quarta objeção é que nenhum homem caridoso poderia considerar-se abençoadono céu enquanto soubesse que uma única alma continuasse ainda no inferno; e se for assim,somos então mais misericordiosos que Deus? Por trás dessa objeção existe uma imagemmental de céu e inferno coexistindo numa época unilinear como coexistem as histórias daInglaterra e América: dessa forma a cada momento os bem-aventurados poderiam dizer:"As misérias do inferno estão agora continuando".

Mas eu noto que Nosso Senhor, embora enfatizando os terrores do inferno com grande severidade, no geral não destaca a idéia de duração, mas de finalidade.A entrega ao fogo destruidor é geralmente tratada como o fim da história e não como o começo de outra nova. Não podemos duvidar que a alma perdida esteja eternamentefixada em sua atitude diabólica; mas se esta fixidez eterna implica numa duração sem fim -ou que dure mesmo - não podemos dizer.


COMO RESOLVER NOSSA REVOLTA CONTRA DEUS DIANTE DA MORTE

Brigar com Deus

Padre Zezinho

Composição: Padre Zezinho

(Falado)
Esta canção é para os pais que já perderam um filho, e por isso, brigaram com Deus.
Eu não tenho respostas prontas para essa dor!
Há feridas que não se curam com pomadas, mas com o tempo.
Para eles, que continuam zangados com Deus esta canção!

Admito que eu já duvidei,
Depois daquela morte repentina num farol,
Depois que dos meus olhos Deus levou a luz do sol,
Depois daquela perda sem aviso e sem sentido,
Admito que eu já duvidei.

Admito que eu briguei com Deus porque não respondeu
Quando eu Lhe perguntei porquê;
Ele, que tudo sabe, tudo pode, tudo vê,
Parece que não viu, nem me escutou lá no hospital.
Admito que eu fiquei de mal!

Doeu demais e, quando dói do jeito que doeu,
A gente chora, grita e urra e põe pra fora aquela dor.
E desafia o Criador e quem se mete a defendê-lo.
Comigo não foi diferente do que foi com tanta gente
Que perdeu algum amor.

Briguei com Deus, briguei com Deus
E se eu briguei foi por saber que Deus ouvia.

Admito que eu me revoltei;
Onde é que estava Deus com Seu imenso amor?
Se Deus é amoroso, então por que deixou?
Por que tinha que ser do jeito que foi?
Admito que eu O desafiei,

Admito que eu O desafiei,por não achar sentido no que Deus me fez;
E nem me perguntei porque será que o fez.
Briguei com quem levara alguém que eu tanto amei!
Admito que eu já blasfemei.

Doeu demais e, quando dói do jeito que doeu.
A gente chora e grita e urra, e põe prá fora aquela dor.
E desafia o Criador e quem se mete a defendê-Lo.
Comigo não foi diferente do que foi com tanta gente
Que perdeu algum amor.
Briguei com Deus, briguei com Deus
Briguei com Deus, mas acabei no colo Dele.

Admito que voltei pra Deus.
E até nem sei dizer porque foi que voltei.
Eu acho que voltei porque não me calei.
Voltei porque, talvez, não sei viver sem crer.
Admito que voltei pra Deus.

Admito que ainda creio em Deus,
Mas tenho mil perguntas a doer em mim.
Eu tenho mil perguntas para Lhe fazer.
Espero que Ele um dia queira responder!

Ele sabe o que é que eu penso dele. (3x)




Em toda historia humana foram muitas pessoas que já brigaram e questionaram duramente a Deus,  principalmente pelos sofrimentos que ocorrem no mundo. Desde Adão que mães perdem "antes da hora" seus filhos, e gritos e lamentos se elevam acima das notas melodiosas, em pranto, em dor, em profunda e inigualavel tristeza.

O sofrimento humano é uma experiencia realmente terrivel. Por mais que  nos ensine, nos faça enxergar novos horizontes, nos faça ser menos materialistas, apegados a terra... por mais que "o mundo tem avançado através daqueles que têm experimentado sofrimento." (Tostói), por mais que a morte e a dor faça com que sejamos mais solidarios uns com os outros, não é facil passar pelo vale do sofrimento, e não raras vezes, brigamos e nos revoltamos contra o proprio Criador.

Na propria Biblia Jacó briga com Deus, Isaías manda uma mensagem de Deus dizendo "vinde e arrazoai e apresentai vossas razões diz o Senhor", o proprio Jesus discute e inquere ao Pai "se possivel for passa de mim este cálice"  e em seguida brada " porque me desamparaste"

Há ainda comentarios de teólogos que nos deixam ainda mais duvidosos e incertos quanto a bondade e justiça divina, como quando permite que João Batista, aquele que Jesus disse ser "o maior dos homens nascido das mulheres " ser deixado só na prisão, e depois ter sua cabeça decepada por ter denunciado um adulterio.

Muitos  ateus, agnósticos e céticos se fundamentam no sofrimento para abastecer suas posturas , de certa forma, até protegendo a existencia de um Deus que permitiria tais coisas. O proprio Darwin , que era teólogo antes de ser biólogo e defensor de uma teoria que a vida e a biodiversidade adveio de inumeras transformações  , ao escrever para seu amigo Asa Grey,  justificando inclusive parte de sua teoria da origem da vida "sem Deus", numa especie de sopa morna, repetia: "Deus não pode ter criado essas coisas" se referindo a organismo nocivos ou criaturas monstruosas da natureza.

Muitas são as explicações para o sofrimento que nos oferecem as religiões e sistemas de crenças, mas não raras vezes elas são insuficientes para milhares de pessoas desesperadas com o filho nos braços em prantos. E    a certeza e a convicção destas crenças é fortemente abalada diante de muitos dramas.

Uma coisa é certa, todas as explicações buscam justificar e defender a Deus de alguma forma, ou da forma laconica dizendo "um dia vc compreenderá"

Certa vez eu mesmo me encontrei em profunda revolta contra Deus por sofrimentos que estava passando. Era o ano de 1988 e fui a uma mata orar e brigar com Deus pelos sofrimentos que Ele permitira na humanidade. Munido de diversos argumentos fui ali, numa mata da cidade de  Cachoeira-BA, disposto a discutir e cuspir desabafos contra Deus.

A mata estava tranquila, o sol quente , me afastei um pouco e comecei meu discurso colocando diante de Deus todas os questionamentos  que conseguia elaborar.

....continua



O Inferno é eterno?



É certo que a Bíblia diz sobre a eternidade do Inferno. Mas acontece que a palavra "aion" - assim como seu adjetivo "aionios" -  traduzida como "eterno",  na verdade significa "tempo indeterminado",
"duração indefinida", "longa duração".  E a mesma coisa com a palavra hebraica "olam".

"O conceito de eternidade nas línguas semíticas é o de uma longa duração e séries de eras" (Rev. J. S. Blunt - Dicionário de Teologia)

"'É do conhecimento de muitos", diz Bispo Rust, "que os judeus, seja escrevendo em hebraico ou em grego,  referem-se a olam (a palavra hebraica correspondente a aion), e a  aion no sentido de um certo período ou duração." "A palavra aion nunca é usada nas Escrituras, ou em nenhum outro lugar, no sentido de sem fim (vulgarmente chamado eternidade, ela significa, nas Escrituras e fora delas, um período de tempo; afinal, como poderia ela ter um plural - como poderia você falar em aeons e aeons de aeons como nas Escrituras?"  (Charles Kingsley)

Prova disso é que há passagens onde também traduziram como "eterno" ou "para sempre" e esse significado não é suportado.

Exemplo: "Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida. (Jonas 2:6)"

Jonas não esteve para sempre, eternamente,  na baleia.

Há vários outros exemplos: Canaã não foi dada para os judeus eternamente, Sodoma e Gomorra não estão queimando até hoje, o sacerdócio dos levitas não existe até hoje, etc.

Se "olam"/"aion"  significa para sempre, então os escravos hebreus, de milhares de anos atrás, devem estar servindo aos seus senhores até hoje:

"Mas se esse servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, a minha mulher e a meus filhos, não quero sair forro; então seu senhor o levará perante os juízes, e o fará chegar ã porta, ou ao umbral da porta, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre." (Êxodo 21:5-6)

"Aionios"  é o adjetivo de "aion", significando "de longo tempo", "de longa duração". Pode significar "eterno" apenas em relação a Deus mas não no seu sentido original.

"Aion" tem plural, portanto não pode significar eterno. Há  frases onde a palavra "aion" é usada repetidamente na Bíblia, um "aion" adicionado a outro "aion". Mas como,  se "aion" deveria por si mesmo ser o infinito? Há  frases se referindo a  um "aion" ou a uns "aions"  e  ALÉM   (ton aiona kai ep aiona kai eti: eis tous aionas kai eti. - Septuaginta -  Êxodo 15:18; Daniel 12:3; Miquéias 4:5.) Algumas vezes a Bíblia se refere  ao fim do "aion"  (Mateus. 13:39,40,49; 24:3; 28:20; I Coríntios. 10:11; Hebreus. 9:26.), se referindo ao fim de um ciclo, de uma era, não ao fim do mundo.

Alguns espertos tradutores ainda colocaram um "eterno" onde nem havia "olam"/"aion", como em Mateus 18:8. Mas o fato é que Jesus sempre falou sobre um "temporário período de correção" (kolasin aionion) em contraste com os escritos pagãos que falavam sobre um "castigo eterno" (aidios timoria). A palavra SEMPRE usada pelos escritores gregos ao se referir a um castigo eterno é "aidios". Então, a Bíblia iria usar a palavra "aidios" se o inferno fosse eterno.  Já havia nos tempos do Cristo seitas que acreditavam numa punição eterna.
Vejamos o que diz "The Origins of Endless Punishment" ("As Origens da Punição Eterna") escrita por Hanson em 1899: "Por exemplo, os fariseus, de acordo com Josepho, achavam que a penalidade para o pecado era um tormento sem fim e eles declaram essa doutrina sem ambiguidade. Chamavam de eirgmos aidios (Prisão Eterna) e timorion adialeipton (Tormento sem fim) enquanto nosso Senhor chamava a punição do pecado de aionion kolasin  (longa punição)"

As palavras "eirgmos aidios" ou "prisão eterna" e  "timorion adialeipton", "tormento sem fim", jamais aparecem no Novo Testamento. Claro, pois Deus é AMOR e é para ser AMADO e não TEMIDO.